segunda-feira, 7 de maio de 2007

Partido

Emergiu do anonimato. Em rede nacional obrigatória lançou seu bordão. Ridicularizaram-no por seu aspecto não-convencional. Figuras como ele são fruto da democratização e da pluralidade partidária garantida pela Carta de 1988 – de tempos em tempos vemos algumas excrecências.
Mas será que não devíamos ter lhe dado ouvidos? Será que o médico monstro perante os “homens engravatados com linguajar altamente qualificado ‘eu prometo, eu prometo’” falava coisas tão sem sentido assim? Sua parceira e sua mais nova seguidora também adotaram a prosódia exaltada e caricatural. Mas será mesmo que não passam de palhaçadas do horário político?
Talvez, como o menino da história, ele tenha apontado a nudez do rei. Talvez como Jeremias – se me permitem a comparação infeliz – tenha sido lançado no calabouço político por ousar ser diferente e falar ao seu modo o que a nação precisava ouvir.
Seus 1.640.000 votos em 2002 possivelmente foram a resposta que um eleitorado cansado de falácias deu, mais por protesto à ordem estabelecida que por adesão ao novo. Em todo caso ele entrou na Casa. Queria um Brasil diferente.
Sem base de sustentação na selva da politicagem nacional, ele não fez escola. O partido que fundou de nanico tornou-se aliado de peixe grande.
Não sei se teve filhos. Mas deixou um legado. Sua marca na história recente e na pueril democracia brasileiras.
Seu nome era Enéas[*].

[*] Homenagem a Enéas Carneiro, médico, professor universitário e deputado federal, falecido em 6/5/2007.

Um comentário:

Kandy disse...

Ai, que saudade de vir aqui ler! Edi, Edi, você precisa escrever mais e mais e mais e mais e mais...

Em relação ao texto: independentemente da política, acho triste morrer assim...