segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aviso aos navegantes

Eventualmente, posso, sim, publicar algo mais pessoal, desde que não exponha os que quero bem nem a mim.
O interesse público está acima do interesse particular quando o alerta do farol pode sevir de guia para qualquer que busca encontrar paz em meio às tormentas da vida e decidiu chegar ao Porto Seguro...

Cartas não olham nos olhos, e é bem mais fácil escrever


16/10

De: Edi

Para: DM


Pra você!



bj,

Edi



17/10

De: DM

Para: Edi


Oi Edi

Achei legal a materia,obrigada.fiquei feliz com seu e-mail.Te vi hoje indo para o seviço,lá na Av. Edgar Facó.Engraçado é que eu estava pensando em voce,pensando e lamentando o que aconteceu entre nos, saiba que se eu pudesse voltar naquela segunda-feira,eu nao iria falar daquela forma com voce.Falhei sim,mas eu gostaria muito que voce nao duvidasse do carinho,amor,consideracao que sinto por voce.E voce é sim minha Amiga,ainda que voce nao mais me considere, Por favor nao me interprete mal,so precisava desabafar....


Fique na Paz

DM



26/10

De: Edi

Para: DM


Dé,


Eu estou me esforçando. Mas é exatamente este o problema: a gente não devia se esforçar para algumas coisas; elas têm que ser naturais. Estou me esforçando para ser natural - uma grande contradição, não acha? Se estou me esforçando, logo não estou sendo natural, então não estou à vontade. É como dizer "Estou muito alegre hoje" com um semblante caído e os olhos marejados.


Agora posso entender o que Jesus quis dizer quando falou que devemos nos tornar como uma criança (talvez voltar a ser crianças, de certo ponto de vista). As crianças são espontâneas, não ficam medindo palavras ou gestos; falam e agem naturalmente, sem conveniências, sem tentar parecer, ou não deixar transparecer... sem forçação de barra.


Entendo agora que perder a espontaneidade é de fato uma grande perda. É como perder a vontade de interagir, de falar qualquer coisa, de ligar por um motivo ou por nenhum, de comemorar um progresso, de compartilhar e lamentar um fracasso, de falar uma besteira qualquer, comentar do mais recente paquera... Veja agora, por exemplo: estou dando uma volta pra dizer que é exatamente assim que estou. Ou seja, já não estou sendo espontânea, não estou sendo a Edilene.


Entendo também o que aprendemos com o apóstolo Tiago, quando diz que a língua é fogo e pode incendiar. Incendeia, sim. Toca fogo na mais singela reserva natural, se você me entende.


Nunca me vi em situação semelhante e por isso não poderia prever minha reação. Já havia contado pra você o quanto progrediu a minha capacidade de virar a página. Isso pra mim significa que eu ponho uma pedra em cima, a da indiferença, de forma que não me machuque mais, e decido escrever uma nova história, um capítulo da minha vida em que o que me perturbou não esteja mais incluído. Parece frio, né? Mas é como me defendo. Se não não poderia viver. (Por quantos desapontamentos já passei mesmo?)


Entendo o quanto pode ser difícil para alguém perdoar a traição (ou algo que o valha) de um cônjuge, ou, refazendo, como pode ser difícil reconstruir. Ficaria tudo como era antes?


O problema não é apenas as palavras - elas são de verdade um grande problema. O problema maior mesmo, bem grandão, é de quem elas vêm. O que a pessoa que fala (ou faz alguma coisa) significa para nós...


A gente não é composto de uma alavanquinha de liga-desliga. Seria muito mais fácil se fosse assim. Não se trata de considerar ou não considerar. Existe um marco na nossa história. Um belo dum marco, um marco bem significativo. A gente não tem como negar isso, não dá pra voltar atrás. Mas o tempo, esse nosso carrasco, ao mesmo tempo que cristaliza nossas misérias também pode servir para deixar longe da lembrança o que nos fez sofrer, de forma que a gente se sinta mais forte que ressentido...


Só o tempo, querida. Vamos devagar. Só isso que posso dizer.


Ótimo dia!

Edilene

Ao meu irmão



Thiago,




Este depoimento é mais para você ler que para os demais internautas, amigos seus ou não. De toda forma, desde agora fica público - já que publicado - o que há muito tenho a dizer. Lembra da música do Roberto "Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer..."? Então. A gente que estuda às vezes fica mal das pernas, pois o objeto de estudo e no meu caso também instrumento de trabalho - as palavras - faltam-me nas horas mais inapropriadas... Mas vou tentar.


Lembro, Thi, da primeira vez que vi o azul dos teus olhos. Você tinha acho que uns 3 anos. Que menino encantador! (É, eu já gostava de você, sim!) Logo, logo, lentes grossas do seu óculos ofuscaram um pouco aquele céu que você carregava no rosto. Quando você tinha uns 5 anos, pedi pra sua mãe deixar eu te levar pra Escola Dominical. A gente ficou junto na classe da irmã Sueli, lembra? Com aquelas revistinhas com exercícios... Tenho algumas guardadas até hoje.a gente continuou indo à igreja por um tempo, mas depois... sabe como é, né, depois... Mas você tava lá: longe dos olhos e perto do coração. E a gente foi crescendo. E você foi aumentando... Fiz estágio na sua classe quando você estava na 8ª série, lembra? É, eu já estava na faculdade... E você cuidava do grêmio da escola. E eu pensava "Este é o meu garoto!...".Poucos anos depois, de novo te chamei pra conhecer minha igreja. (Você não estava muito firme na outra denominação.) E aí começa a nossa história recente; um passado perto que envolve muita risada, longas conversas sobre família até altas horas, partilha de emprego, a empolgação de morar sozinha que dividi com você... E as lágrimas que choramos juntos?... É, Thi, foram muitas... Foram tantas. Mas você esteve comigo quando meu mundo acabou; quando me tiraram o chão depois de uma ilusão... Lembra daquela noite que voltamos do culto conversando sobre mim e meu dilema, e sentamos na calçada em frente à sua casa? E eu chorei. Muito. E você estava comigo. E chorou comigo. E você sempre me deixava na esquina da minha casa pra eu não subir o morrinho sozinha - quanto cuidado! Mas eu sobrevivi. Não sem aprender muito. O curso foi extremamente difícil mas fui aprovada (ainda que continue aprendendo demais...). E aí você me procura um dia aflito. "Irmã, tenho um problema. Você não sabe?" Sei o quanto foi difícil pra você, meu querido. Foi terrível pra mim também. E a gente chorou junto de novo. E oramos juntos, e choramos mais, e queríamos ajuda... E a gente não queria te ver escapando por entre os dedos da Graça de Deus... Mas de novo veio o 'mas' e o 'depois'... E veio a feira, os meus muitos compromissos ministeriais... - como a gente é falho, meu Deus! - e eu mudei de igreja e você... Cadê você agora, meu amado maninho? Onde está o garotinho de olhos azuis que eu levava para a Escola Dominical?? Você sabe que onde você estiver, os olhos do Eterno estão sobre você. Estão te amando louca e profundamente. Ele é formado por partículas de amor, sabia? E cada célula do seu ser te ama. Ama você. Por inteiro. Como é, a despeito de como está. O Papai não te deserdou, Thi querido, mas quer muito falar com você de perto e sentar à mesa com você.


Muitos beijos e abraços bem apertados, tá?


Eu te amo muito muito muito muito!!!! Mas Ele te amou primeiro!!